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quinta-feira, 28 de março de 2024

Pesquisador de MS ajuda a criar teste da Covid-19 100% nacional

Pesquisadores e cientistas brasileiros, entre eles um sul-mato-grossense, começam uma nova jornada na detecção da Covid-19. A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) validou a realização de testes nacionais para que o Brasil não dependa tanto dos kits importados. Com isso, a universidade e também laboratórios privados podem identificar o novo coronaví­rus com materiais e insumos 100% brasileiros.

Robson Tramontina, que saiu de MS aos 17 anos e hoje, aos 29,  mantém uma startup de produção de insumos para exames em Campinas (SP), conta ao Campo Grande News que em parceria com a instituição de ensino paulistana, passará a produzir enzimas para os kits nacionais.

“A Unicamp montou uma força-tarefa para conseguir, junto com o Ministério da Saúde e empresários, produzir o kit aqui”, destaca. A validação chegou hoje, mesmo com a expectativa que a resposta positiva de iní­cio dos testes saí­sse dentro de 20 dias.

Tramontina explica que a celeridade decorre porque “precisa ter como fazer esses testes”, diante da atual situação nacional de avanço do novo coronaví­rus. A força-tarefa foi montada em 17 de março.

Robson, í  frente, faz parte da força-tarefa da Unicamp que começou a realizar testes 100% nacionais para detecção do novo coronaví­rus. (Foto: Arquivo Pessoal) 

Ele ressalta que a necessidade é tamanha, que ainda que tais kits não sejam os mais adequados – já que não tám validade internacional – há urgência em seu uso.

“Não importa que não seja o teste ideal, autorizado, validado internacionalmente, um teste padrão. Chegou num ponto que precisa fazer e o que importa é que esses testes funcionem e os laboratórios validem entre si os resultados”.

Com essa validação da Unicamp, somente a Ecra Biotec, startup de Robson, vai disponibilizar, a cada dez dias, 100 mil reações para identificação da covid-19 através do teste molecular, o RT PCR, que é o que já é feito no Brasil, mas através de kits importados, já que, até então, não havia produção nacional de todos os componentes necessários.

“Esse teste”, explica o cientista sul-mato-grossense, “é feito com amostra da secreção com coleta via Swab e o resultado demora de um a dois dias para sair”. Tramontina ainda detalha que esse modelo de teste “detecta o ví­rus antes mesmo dele manifestar os sintomas”.

Em Mato Grosso do Sul, os kits para exames de detecção do novo coronaví­rus são do modelo RT PCR  e são compostos por uma amostra positiva do material genético do ví­rus, uma mistura otimizada com componentes (enzimas, primes ou sondas e insumos quí­micos), além do Swab, que nada mais é que um cotonete especí­fico para esse tipo de exame.

Vale ressaltar que esses kits são diferentes dos chamados testes rápidos, que também chegaram ao Estado, mas ao invés de testar a secreção comprometida, identificam os anticorpos virais, através do sangue.

O cientista ressalta que as enzimas que ele produz em sua startup servem tanto para testes relacionados ao coronaví­rus, quanto para outras detecções, como HPV, tuberculose, câncer e mesmo testes de paternidade.

“Juntando nossas enzimas, primers e sondas de outras empresas e outros insumos mais também produzidos aqui, o teste fica mais barato”, comemora.

CENíRIO ATUAL – Ao avaliar o estágio do sistema cientí­fico brasileiro em relação a atual epidemia de coronaví­rus no Brasil, Robson afirma que em anos anteriores, houve investimento forte em ciáncia e também devido outras crises, como a do ví­rus Zika, tudo isso “preparou os cientistas para trabalharem com ví­rus e testes moleculares”.

Assim, há pessoal capacitado, “mas os investimentos caí­ram e isso prejudica o tempo-resposta ao coronaví­rus”. Isso porque, se houvesse mais investimento, a produção dos kits, por exemplo, já seria uma realidade.

Por fim, Tramontina, que é natural de Itaquiraí­, a 404 Km de Campo Grande, analisa que há onda de negaciosismo í  ciáncia no Brasil, o que acaba negligenciando o trabalho cientí­fico e os próprios pesquisadores.

“O desmonte da ciáncia e também da saúde prejudica muitas pessoas por causa de medidas sem base cientí­fica”.

Fonte: Lucia Morel/ Campo Grande News

2020-04-08 08:38:00

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