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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Transtorno alimentar requer cuidado multidisciplinar

Alerta é feito no Dia Mundial de Ação dos Transtornos Alimentares

O Dia Mundial de Ação dos Transtornos Alimentares, comemorado hoje (2), tem como foco este ano o movimento Cuidando de quem cuida. A data foi criada em 2015 pela Academy for Eating Disorders, e seu objetivo principal é promover ações mundiais para conscientizar, sensibilizar e informar a população sobre os problemas relacionados a esses distúrbios.

Em todo o mundo, estima-se que mais de 70 milhões de pessoas sejam afetadas por alguma forma de transtorno alimentar, seja anorexia, bulimia, transtorno de compulsão alimentar, entre outras. O coordenador da Comissão de Transtornos Alimentares da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), José Carlos Appolinário, disse que os transtornos alimentares são doenças mentais diferentes, “porque o limite entre a doença mental e a doença clí­nica, í s vezes, é muito tánue”.

Pessoas com anorexia nervosa, por exemplo, podem atingir graus de desnutrição muito grandes, perda de proteí­nas, baixa de pressão arterial e de potássio, podem até morrer em função da desnutrição. As pessoas com bulimia nervosa, com vômitos autoinduzidos e uso de laxativos e diuréticos, podem causar alterações hidroeletrolí­ticas que também podem levar í  morte. Essas alterações ocorrem quando os ní­veis de hidratação e de eletrólitos corporais, como sódio, potássio, cálcio, magnésio, entre outros, estão descompensados. “São transtornos mentais com consequáncias muito importantes sobre a saúde fí­sica dos indiví­duos”.

Multiprofissional

Segundo o médico psiquiatra, a ABP tem incentivado a divulgação desta data e de todos os tópicos da campanha. Como associação de psiquiatras e profissionais de saúde mental, a entidade tem o papel importante de ajudar a população a ter um conhecimento maior sobre transtornos alimentares. De acordo com ele, isso pode fazer com que as pessoas tenham um diagnóstico precoce, porque quanto mais cedo é iniciado o tratamento, melhor é o prognóstico.  â€œEssa conscientização da população em relação a transtornos alimentares é uma atividade que a ABP desenvolve, inclusive divulgando o dia mundial e levando informação í  sociedade. Os pais e familiares vão ser muito ajudados nisso para levar mais precocemente seus filhos, parentes e pessoas conhecidas que tenham esses problemas a suspeitar antecipadamente da doença”, afirmou.

O tratamento para pessoas com transtornos alimentares tem que ser multiprofissional. Deve ser conduzido por um psiquiatra, um psicólogo, um nutricionista e um clí­nico. “Esses quatro profissionais tám que atuar conjuntamente. Várias dessas condições vão necessitar de conhecimentos especí­ficos”, lembrou o especialista, acrescentando que a anorexia nervosa é considerada a doença de maior mortalidade na psiquiatria.

Treinamento

A ABP realiza também treinamentos e programas de desenvolvimento dos próprios psiquiatras, para que tenham, cada vez mais, melhor capacitação no tratamento da doença. No Brasil, o maior número de transtornos alimentares inclui bulimia, anorexia nervosa e compulsão alimentar. Considerando todos os transtornos alimentares, conjuntamente, há uma prevaláncia em 3% a 4% da população. José Carlos Appolinário advertiu, entretanto, que há casos que não são ainda transtornos propriamente ditos, mas que necessitam acompanhamento e tratamento.

“A gente chama de sí­ndromes parciais. Vocá ainda não tem um baixo peso, mas um comportamento alimentar muito restrito. Está em queda de peso muito acentuada. Ou, então, não tem ainda uma frequáncia muito alta, mas já começou a induzir vômitos depois de episódios de compulsão, ou seja, não tem um diagnóstico completo, mas já necessitaria de acompanhamento”. De acordo com o médico, se somarmos tudo isso, podem ser identificadas sí­ndromes parciais.

Diante dessas doenças complexas, que alteram o comportamento do indiví­duo e, geralmente, a partir de idade muito jovem – em geral, fim da infância ou iní­cio da adolescáncia – com a pessoa ainda muito ligada aos pais, os familiares ficam perturbados com todas as modificações, disse o coordenador da Comissão da ABP, também professor da Universidade Federal do Rio.

Relação familiar

“Isso perturba, principalmente, uma função de relação familiar, que é a alimentação”, afirma Apolinário. A pessoa com anorexia nervosa rejeita comida, não senta com a famí­lia para fazer as refeições. Isso mexe com a relação familiar e provoca sobrecarga em relação í  doença e ao tratamento. Por isso, ele sugere que a famí­lia participe do tratamento desde o iní­cio das alterações. Também reforça a importância de se tratar não só os doentes, mas dar apoio e suporte aos familiares, amigos, companheiros (as), pessoas que estão ajudando a cuidar de quem está com transtornos alimentares.

Muitas vezes, a pessoa com esse tipo de distúrbios não aceita que está com a doença e que precisa buscar tratamento. Por isso, é preciso cuidar também dos cuidadores, que vão precisar de muito apoio e suporte. O papel do cuidador é de extrema importância no processo de recuperação dos afetados por transtornos alimentares. A ABP destacou que para cuidar do outro faz-se necessário o autocuidado.

A associação sugeriu algumas estratégias simples que podem ajudar na qualidade de vida do cuidador, como dividir tarefas, dedicar um tempo para si, cuidando da própria saúde fí­sica, e construir uma rede de apoio para que possa pedir ajuda. Segundo a ABP, os transtornos alimentares, quando tratados precoce e corretamente, tám importante taxa de recuperação.

Agente de transformação

Para marcar a data, a Associação Brasileira de Transtornos Alimentares (Astral), que congrega mais de 40 grupos especializados de diversas regiões do paí­s, promove campanha com o tema Seja um agente de transformação!.

A campanha inclui a publicação de uma série de ví­deos e pequenos informativos para as redes sociais da entidade, produzidos em colaboração com profissionais de saúde especializados.

A Astral defende que a prevenção dos transtornos alimentares se faz estimulando uma alimentação saudável e adequada, livre da cultura da dieta e da culpa, “um estilo de vida ativo, sem foco exclusivo no peso corporal, e o incentivo í  construção de uma imagem corporal positiva”.

Fonte: Agáncia Brasil

2022-06-02 08:33:00

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