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quinta-feira, 28 de março de 2024

Pesquisa estima os impactos do ensino remoto em Mato Grosso do Sul e no Brasil

O ensino remoto aplicado em 2020 levou alunos do quinto ao nono ano de Mato Grosso do Sul a aprenderem em torno de 30% a menos em comparação com um ano letivo normal, enquanto no ensino médio, as perdas de conhecimento no estado variam entre 27 e 28%. í‰ o que revela estimativa contida em uma pesquisa organizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) a pedido do Instituto Lemann.

A ní­vel nacional, calcula-se um retrocesso de quatro anos na educação brasileira em grande parte motivado por um sistema de aulas í  distância mal estruturado, que esbarrou em dificuldades técnicas dos próprios estudantes em acessarem todo o material e dedicar tempo considerável aos conteúdos.

O Correio do Estado teve acesso ao material. A metodologia envolveu análise de dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Foram levados em conta apenas a segunda etapa do ensino fundamental e os trás anos do ensino médio. Considerou-se que 72% do último ano foi prejudicado pela pandemia, já que quase todas as unidades da federação haviam fechado as escolas em 15 de março. 

Em poucas palavras, os cientistas olharam a evolução dos estudantes no Saeb para simular qual seria o aprendizado de um estudante em 2020. A partir daí­ foram considerados trás cenários. No otimista, os alunos aprenderiam em casa a mesma coisa do que no sistema presencial. No intermediário, o conhecimento seria proporcional í s horas gastas com as atividades escolares. Já no pessimista, não aprenderiam nada.

Aprendizado ficou prejudicado pelo ensino remoto – Freepik

“Os alunos brasileiros do ensino fundamental 2 aprendem, durante um ano tí­pico, o equivalente a 13,1 pontos na escala Saeb em lí­ngua portuguesa e 10,9 pontos em matemática. Com a pandemia de covid19, no cenário mais otimista, esses alunos deixarão de aprender o equivalente a 1,8 ponto em lí­ngua portuguesa e a 1,5 ponto em matemática. No cenário mais pessimista, o aprendizado não realizado será de 9,5 pontos em lí­ngua portuguesa e 7,9 em matemática”, afirma o estudo. 

Já os estudantes de ní­vel médio deixariam de aprender 1,3 ponto em portuguás e 1 em matemática no cenário mais otimista, o que corresponde que o aprendizado não realizado representaria 21% da evolução alcançada nos últimos quatro anos em matemática e 22% da evolução em lí­ngua portuguesa no cenário otimista. 

Na análise pessimista, haveria perda maior do que as conquistas feitas nos últimos anos, chegando-se ao retrocesso pregado pelos pesquisadores. 

A pesquisa fala pouco sobre as nuances regionais. Mato Grosso do Sul aparece em um mapa que mostra o resultado local em uma variação porcentual. O Estado está entre aqueles com menores perdas de conhecimento, atrás dos estados da região sul e sudeste, que a exceção do Espí­rito Santo, obtiveram os melhores resultados. 

Isso acontece porque os alunos sul-mato-grossenses, em sua maioria, dedicaram mais tempo ao ensino remoto do que estados da região nordeste, por exemplo. Esses dados foram obtidos com base na edição mais recente da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicí­lio (Pnad) que tratou sobre o assunto. 

Ainda é cedo para afirmar se a simulação da FGV está certa ou não, já que a próxima avaliação da educação está agendada para 2022. Enquanto isso, o ano letivo vigente já começa com boa parte dos estudantes em casa, seja porque estão matriculados na rede pública (que segue em regime remoto), seja porque as escolas particulares ainda não podem receber todos os estudantes de uma vez por conta do distanciamento.

Fonte: Ricardo Campos Jr/ Correio do Estado

2021-01-18 10:53:00

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