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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Máscaras e isolamento continuam essenciais, dizem especialistas

O iní­cio da vacinação no Brasil e em outros paí­ses não significa que as pessoas devem retomar uma rotina semelhante í  de antes da pandemia. A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) já indicou que a imunização de rebanho pela vacinação não deverá ser atingida em 2021. A declaração foi feita este más pela dra. Soumya Swaminathan, da OMS.

“Mesmo que as vacinas comecem a proteger os mais vulneráveis, não atingiremos nenhum ní­vel de imunidade na população ou imunidade de rebanho em 2021. Mesmo que aconteça em alguns paí­ses, não vai proteger as pessoas ao redor do mundo”, disse ela, em entrevista coletiva, no dia 11 de janeiro.

Soumya elogiou o esforço dos cientistas na produção de não apenas uma, mas várias vacinas contra a covid-19, algo que, na sua opinião, era impensado há um ano. Ela acrescentou que as medidas de contenção da pandemia devem continuar sendo praticadas até o fim deste ano, “pelo menos”.

Esse raciocí­nio é acompanhado por especialistas aqui no Brasil. Segundo eles, a população não pode relaxar porque a vacinação começou. “Quando observamos nossa realidade no Brasil e as dificuldades que estamos tendo, a gente realmente passa a pensar que isso [o fim da pandemia] vai ser talvez em 2022 e olhe lá”, disse a médica infectologista e professora de medicina Joana D’arc Gonçalves. “A gente está vendo a guerra que é com essas poucas doses disponí­veis no Brasil e nem temos a perspectiva de ter mais doses, por causa de todos esses conflitos, as dificuldades internacionais”, acrescentou.

Ela lembra que as vacinas apresentam particularidades que, de uma forma ou de outra, são entraves para sua distribuição. Seja uma necessidade de armazenamento em temperaturas muito baixas, seja a dificuldade de produção de insumos aqui no paí­s. A médica recomenda que a população não veja a chegada da vacina como algo muito próximo e mantenha os cuidados tomados em 2020.

“A gente teve uma gota de esperança neste oceano de problemas. Temos que segurar a nossa onda, saber que o insumo existe, mas que precisaremos de um pouco mais de paciáncia. Não é tão fácil produzir rapidamente [uma vacina]”.

Vacinados e com máscara

De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Juarez Cunha, a imunização de rebanho só deverá ser alcançada se o mí­nimo de 60% da população estiver vacinada. Mas ele destaca que, mesmo que o Programa Nacional de Imunização (PNI) do Sistema íšnico de Saúde (SUS) seja sólido e consigamos vacinar parte da população brasileira até o fim do ano, o ví­rus ainda estará em circulação. E faz um alerta: mesmo os vacinados devem continuar adotando isolamento social, álcool em gel e máscara.

“Nenhuma vacina é 100% eficaz. Com a vacina, a pessoa tem uma chance muito grande de se proteger das formas moderadas e graves, mas não elimina a possibilidade de contrair a doença. Estando com a doença, ela vai transmitir para outros. Não dá para correr esse risco”.

Existe ainda o componente social dessa medida. Se todas as pessoas vacinadas pararem de usar máscara, isso pode, na visão de Cunha, desmobilizar a população como um todo para o uso dessa barreira contra a covid-19. Veremos mais pessoas sem máscara, estimuladas pelos vacinados. â€œE como as pessoas vão saber se aquela pessoa já foi vacinada?”, questiona.

Além disso, mesmo que parte da população do paí­s se vacine ainda este ano, existirão “bolsões de vulneráveis”. São comunidades, bairros ou grupos de pessoas com poucos ou nenhum vacinado, onde haverá circulação do ví­rus. Esse conceito pode ser reproduzido em escala mundial. Afinal, em um cenário onde ainda há pouca vacina disponí­vel, os paí­ses que saem na frente são os que tám mais dinheiro para comprá-las mas, em algum momento, os demais entrarão na partilha.

“Para termos uma proteção coletiva, precisamos ter ótimas coberturas vacinais em todos os paí­ses. Isso vai levar um tempo porque os paí­ses mais pobres terão que receber muitas vacinas no momento em que elas começarem a ser distribuí­das para eles. Essas vacinas vão demorar ainda mais, provavelmente começam a ser distribuí­das no segundo semestre”, analisou o presidente da SBIm.

Cunha reiterou a importância dessas medidas “não farmacológicas”, como uso de máscara, distanciamento social e higienização constante das mãos. Medidas simples, mas eficientes, no combate ao novo coronaví­rus. “São as únicas medidas que temos até agora que demonstram que diminuem a doença, a hospitalização e a morte. Independentemente de começarmos a vacinar, de vacinar um percentual grande da população, vamos ter que continuar com essas medidas por muito tempo”.

Imunização de Rebanho

Especialistas estimam que para tirar um ví­rus de circulação, é necessário ter em torno de 60% a 70% de pessoas vacinadas. “Depende da eficácia da vacina”, diz Joana D’arc. “Quanto maior a eficácia, pode-se até ter um número de imunizados menor que 70%”. Por meio da vacinação em massa, o Brasil já conseguiu imunizar sua população contra uma série de doenças perigosas.

Varí­ola, sarampo, rubéola, caxumba e meningite são alguns dos casos. A poliomielite, que ainda tem surtos em vários paí­ses, foi controlada no Brasil. No passado, inúmeras crianças morreram de catapora, hoje controlada. “Teve paí­s que erradicou o câncer de colo de útero só por meio da vacina contra o HPV”, destacou a infectologista.

Fonte: Marcelo Brandão – Repórter da Agáncia Brasil

2021-01-26 08:56:00

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