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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Fazendeiros em Mato Grosso temem gado importado em MS

A redução da oferta de gado para abate no Brasil, causada pela seca acentuada em algumas regiões produtoras em 2020, levou o Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul (Sicade-MS) a pedir autorização ao Ministério da Agricultura para importar animais vivos do Paraguai.

A falta de matéria-prima levou í  paralisação de duas plantas no Estado e í  redução de 20% na capacidade produtiva dos frigorí­ficos.

Pecuaristas de Mato Grosso reagiram í  proposta e alertaram que, com uma eventual compra de bovinos paraguaios, ainda não permitida, o paí­s pode acabar exposto a risco sanitário.

“Todas as plantas do Estado estão ociosas hoje, muitas estão abatendo apenas duas ou trás vezes por semana”, disse Régis Comarella, vice-presidente do Sicade-MS.

“Além de abater muito pouco, a demanda está ruim. A venda de carne caiu muito por causa do preço alto da arroba e do corte ao consumidor final”, completou.

Segundo Comarella, dois frigorí­ficos deixaram de abater neste más devido í  falta de boi pronto.

A atividade em Mato Grosso do Sul reduziu cerca de 20% em janeiro, quando foram abatidas 216 mil cabeças. A média mensal é de 260 mil unidades.

“Em fevereiro, devemos abater de 35% a 40% menos”, explicou.

O sindicato disse que o pedido de autorização para importar não especifica prazo ou cota – a reportagem apurou que o objetivo é trazer, ao menos, 20 mil cabeças de gado do Paraguai. Lá, a cotação está mais baixa.

De acordo com a Scot Consultoria, a arroba está avaliada em US$ 45,75 no paí­s vizinho, ou quase R$ 249. No Brasil, o boi gordo estava cotado a US$ 54,45 ontem, ou R$ 296.

“O Paraguai tem boi disponí­vel. A autorização vai beneficiar muito os frigorí­ficos da fronteira. Isso tira um pouco o foco de pegar boi no centro do Estado e alivia a escala para todas as plantas”, disse.

O rebanho bovino brasileiro, que tem mais de 220 milhões de cabeças, é o maior do mundo para fins comerciais. O paí­s não importa gado para abate.

Recentemente, foi permitida a compra de gado vivo do Uruguai, mas a importação brasileira tem se limitado a animais reprodutores.

Em nota, o Ministério da Agricultura afirmou que a demanda do Sicade/MS está em análise pela área técnica e que a importação do Paraguai ainda não está autorizada.

O tema é tratado de forma bilateral com as autoridades paraguaias. Será necessária a assinatura de um memorando de entendimentos para cooperação em matéria de saúde animal para garantir a troca de informações sanitárias entre os paí­ses e ações conjuntas em questões de vigilância nos municí­pios de fronteira e nos pontos de ingresso em cada paí­s, afirmou a pasta. 

Caso a autorização seja confirmada, “valerá para qualquer empresa que cumpra os requisitos sanitários estabelecidos”, diz o ministério.

A princí­pio, uma grande empresa do setor havia feito o pedido especí­fico para importação.

Em Mato Grosso, maior produtor de carne bovina do paí­s, com 107 mil pecuaristas e rebanho de 30,1 milhões de cabeças, o temor é sanitário.

“Estamos há quase trás décadas sem ter problemas com febre aftosa. Temos um controle rí­gido”, disse Amado de Oliveira, consultor técnico da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat).

â€œí‰ muito caro manter o status sanitário que temos. Por causa de uma questão sazonal, de clima e falta de bezerros por conta do abate de fámeas, querem criar problema dessa ordem”, acrescentou.

Régis Comarella, do Sicade-MS, diz que Mato Grosso do Sul está bem servido na questão de fiscalização e inspeção.

“As barreiras sanitárias são eficazes. A importação não geraria esse risco, até porque o Paraguai vem investindo muito no combate da aftosa”, afirmou.

O Ministério da Agricultura informa que o Paraguai é um paí­s reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como livre de febre aftosa com vacinação.

A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) disse, em nota, que a redução da oferta de animais para abate é natural no começo do ano.

Consultada, a Associação Brasileira de Frigorí­ficos (Abrafrigo) não quis se posicionar, mas disse que se trata de “um problema regional e localizado nas proximidades da região de fronteira”.

Fonte: Diário de Cuiabá

2021-03-04 09:53:00

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