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quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Eleições empregaram mais de 53 mil pessoas em Mato Grosso do Sul

No Brasil, o número chegou a 1,2 milhão de trabalhadores que atuaram principalmente nas atividades de rua

As eleições municipais realizadas neste ano empregaram 53.032 pessoas em Mato Grosso do Sul. Os dados constam na prestação de contas enviada pelos candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Ainda conforme os registros, em todo o Brasil, o número de pessoas contratadas diretamente por campanhas eleitorais foi de 1,2 milhão.

No comparativo entre as unidades federativas, o Estado figura como o sexto em que mais trabalhadores foram empregados, ficando atrás de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás e Paraná.

Conforme os analistas consultados pelo Correio do Estado, as vagas geradas nas campanhas eleitorais, assim como as das festas de fim de ano, são importantes para a movimentação econômica. 

O mestre em Economia Eugênio Pavão frisa que a movimentação é importante, principalmente porque, nessas ocasiões, parte das pessoas desocupadas consegue renda e, consequentemente, consome. 

“Os empregos temporários são uma importante porta de entrada para as pessoas nesse momento de grande demanda, com impacto na renda, no tributo e no consumo, fazendo crescer a economia local e regional”, avalia.

eleições
– Correio do Estado

Para o economista Eduardo Matos, o aumento de pessoas ocupadas, mesmo que de forma temporária, também gira o consumo nos bairros:

“Isso causa um crescimento econômico e promove um fluxo monetário nos bairros e, em muitos casos, nos bairros periféricos, o que até acaba sendo um fator que minimiza as desigualdades. É claro que desigualdade social é algo bem mais complexo, mas algo como isso, essa sazonalidade da economia, contribui muito para muitas famílias”.

“Os empregos temporários são uma importante porta de entrada para as pessoas nesse momento de grande demanda, com impacto na renda, no tributo e no consumo”, Eugênio Pavão, mestre em Economia

Ao traçar um paralelo entre o número de trabalhadores contratados durante a campanha e a população das cidades de Mato Grosso do Sul, observa-se que as 53.032 contratações equivalem ao total de habitantes da quinta maior cidade do Estado.

Esse contingente só é superado pelas populações de Campo Grande (897,9 mil), Dourados (243,3 mil), Três Lagoas (132,1 mil), Corumbá (96,2 mil) e Ponta Porã (92 mil).

Nacional

De 1,2 milhão de pessoas contratadas diretamente por campanhas eleitorais no Brasil, mais da metade (cerca de 669 mil) atuou em atividades de militância e mobilização de rua, de acordo com reportagem do Folha de São Paulo.

Esse número real pode ser ainda maior, pois muitos desses trabalhadores foram registrados de forma genérica nas prestações de contas.

Ainda conforme a reportagem, os contratos com pessoas físicas informados à Justiça Eleitoral somam R$ 1,96 bilhão, de um total de R$ 6,22 bilhões em despesas. A maior parte dos gastos, entretanto, foi destinada a empresas.

Os dados indicam que a remuneração média para quem trabalhou em atividades de rua foi de R$ 1.020, valor que varia conforme o local, o tempo e a função exercida. Esses números se referem apenas a contratações diretas realizadas pelas campanhas, mas o impacto eleitoral se estende a outros setores.

A indústria gráfica aumentou as contratações temporárias para atender à demanda dos candidatos. Segundo levantamento da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf), 17% das gráficas do País realizaram contratações temporárias durante o período eleitoral, informa o Folha de São Paulo.

O presidente da Abigraf, Julião Gaúna, explica que o planejamento dessas gráficas começa na fase de pré-campanha, em contato com responsáveis partidários, visando a garantir matéria-prima para a produção de santinhos e panfletos que serão distribuídos nas ruas. 

 “Precisa empacotar, dobrar, separar. É um trabalho praticamente manual mais na linha final. A produção gráfica é toda automatizada”, detalhou à reportagem.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estabelece um limite para a contratação de pessoal a cada eleição, para evitar o uso desses recursos para compra de votos.

Para candidatos a prefeito, o limite de contratações é de 1% do eleitorado, até um máximo de 30 mil eleitores, com uma contratação adicional permitida a cada mil eleitores acima desse teto. No caso de candidatos a vereador, o limite é a metade.

Em Campo Grande, conforme o TSE, os candidatos a prefeito puderam contratar até 916 pessoas. Já os que tentavam uma cadeira como vereador, 458.

Temporários

Ainda de acordo com os analistas econômicos, o efeito percebido na economia estadual durante o período de eleições se intensifica nas contratações temporárias de fim de ano. Ainda não há a divulgação de uma estimativa oficial sobre a contratação temporária para Mato Grosso do Sul.

O Sindicato dos Empregados no Comércio de Campo Grande (SECCG) estima que cerca de 15 trabalhadores temporários serão recrutados para atender a demanda de temporários até o fim de dezembro deste ano.

“Chegamos a esse número com base em uma pesquisa realizada pelo próprio sindicato, em contato direto com as grandes e as médias empresas da cidade”, afirma Carlos Santos, presidente do SECCG.

Dados da Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande (CDL-CG) apontam que a expectativa é de que 3,5 mil sejam contratados somente no setor de comércio e serviços.

Pavão avalia que a entrada do 13º salário e as renegociações de dívidas dos consumidores permitem que os clientes voltem às lojas, o que acaba fazendo com que o comércio contrate mais.

“Para dar vazão às vendas, são necessárias as contratações de profissionais de vendas temporários, que podem estar no primeiro emprego ou retornando ao mercado. Antigamente, havia um impacto muito grande nas lojas físicas, com volume de vendas bastante intenso, mas com o e-commerce, temos um nível de contratações inferior ao período pré-Covid-19”, finaliza.

O economista Eduardo Matos enfatiza que o regime de contratação temporária é importante para a economia por aumentar a renda em circulação.

“Esse momento do ano, por si só, ele já tem uma renda em circulação maior, tendo em vista o 13º, e justamente por isso aumenta a demanda de alguns setores da economia, o que leva a empregar esse quantitativo maior. Ou seja, é um fluxo circular”, conclui. 

Fonte: Suzan Benites/Correio do Estado

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