Foi preso na terça-feira (9), na fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul, um dos pistoleiros envolvidos no assassinato do jornalista paraguaio Pablo Medina, 53, e de sua assistente Maribel Antonia Almada Chamorro, 19. O duplo homicídio ocorreu no dia 16 de outubro de 2014.
Sob custódia policial, G.B.G., 29, está internado em um hospital de Pedro Juan Caballero, cidade-gêmea de Ponta Porã (MS).
Ele sofreu acidente de trânsito em Paranhos e foi levado para o hospital de Ponta Porã, onde apresentou documento falso.
Como é cidadão paraguaio, G.B.G. foi transferido para o Hospital Regional de Pedro Juan Caballero. No local, investigadores paraguaios descobriram sua verdadeira identidade.
Segundo a polícia paraguaia, G.B.G. é enteado de W.A.M., outro pistoleiro que participou diretamente da execução de Pablo Medina e Antonia Almada. Ele foi capturado em 29 de março de 2020 em Campo Verde (MT) e segue preso em território brasileiro por ter dupla nacionalidade.
G.B.G. e o padrasto são apontados como autores de vários crimes de pistolagem na linha internacional. Uma das vítimas teria sido o ex-prefeito do povoado de Ypejhú, Julían Nuñes Benítez, em agosto de 2014, dois meses antes da morte do jornalista.
A balística da polícia mostrou que a escopeta calibre 12 usada na execução do ex-prefeito foi a mesma utilizada para assassinar Pablo e Antonia. A pistola 9 milímetros, também usada no duplo homicídio, foi empunhada por matadores profissionais em outros casos de pistolagem na fronteira.
Jornalista – Repórter investigativo do jornal ABC Color, o mais influente do Paraguai, Medina voltava de reportagem na zona rural de Villa Ygatimi, perto de Paranhos, quando foi tocaiado na estrada.
O crime foi encomendado pelo ex-prefeito de Ypehjú (cidade separada por uma rua de Paranhos), V.A.M., após Pablo Medina publicar reportagens ligando a família do político ao narcotráfico.
Procurado pela Justiça paraguaia, o ex-prefeito foi capturado no dia 4 de março de 2015 entre os municípios de Caarapó e Juti, em Mato Grosso do Sul. Em dezembro de 2017, foi condenado a 39 anos de reclusão e cumpre pena no Paraguai.
Além de W.A.M., que é irmão de V.A.M., outro autor material do duplo assassinato está preso no Brasil. F.A.R., sobrinho de V.A.M., foi condenado a 36 anos de reclusão pela morte de Pablo e Antonia. A sentença foi definida pelo Tribunal do Júri de Curitiba (PR), em fevereiro de 2021, seis anos após o pistoleiro ser preso em Pato Branco (PR).
O Ministério Público do Paraguai solicitou a extradição dos dois, mas os pedidos foram negados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) pelo fato de W.A.M. e F.A.R. terem dupla nacionalidade. A Constituição Federal impede a extradição de cidadãos brasileiros.