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sábado, 23 de novembro de 2024

Em MS, preços da soja e do milho tem tendência de alta mesmo com queda de produtividade

Apesar deste cenário de perdas nas lavouras, a demanda internacional não diminuiu, o que pode elevar a cotação dos grãos

Na safra de soja 2023/2024, Mato Grosso do Sul expandiu sua área de soja em 5,2%, em comparação com o ciclo anterior. No entanto, a produtividade foi de 48,84 sc/ha, uma redução de 21,8%. A produção resultante foi de 12,3 milhões de toneladas, uma retração de 17,7%.

O mesmo cenário deve ser observado na safra de milho. A área destinada ao milho na 2ª safra de 2023/2024 tem expectativa de ser 5,8% menor, em relação ao ciclo anterior (2022/2023). A produtividade estimada é de 86,3 sc/ha, gerando uma expectativa de produção de 11,485 milhões de toneladas.

De acordo com dados do Projeto Siga/MS, desenvolvido pela Aprosoja/MS, os desafios climáticos, com chuvas abaixo do normal e mal distribuídas, impactaram diretamente no desenvolvimento das lavouras. “A seca deste ano prejudicou a produção, que poderia ter mantido a média de crescimento dos últimos anos”, relata o coordenador técnico da Aprosoja/MS, Gabriel Balta.

Ainda de acordo a Aprosoja/MS, apesar deste cenário de perdas nas lavouras, a demanda internacional não diminuiu, o que juntamente com outros fatores, acabaram por beneficiar os preços, que não chegaram aos patamares da safra anterior, mas apresentaram melhora em relação ao final do ano de 2023 e início de 2024. De março até a última semana de maio, o preço da soja passou de R$ 106,43 para R$ 119,55, mostrando uma melhora nos preços da saca de 60kg.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estimou uma oferta brasileira menor, em torno de 200,57 milhões de toneladas de soja, e uma demanda de 163,1 milhões de toneladas, o que representa uma redução de 3% na oferta e de 1% na demanda de soja para a safra 24/25.

“Após grande frustração na última safra de soja, espera-se recuperação da produção na Argentina, terceiro maior produtor global. Além disso, mesmo com o recorde de quebra de produção no Brasil, os estoques finais globais, importantes balizadores da tendência de preços, cresceram nas últimas safras pressionando as cotações no mercado internacional, e refletindo no mercado interno no Brasil”, pondera o analista de Economia da Aprosoja/MS, Mateus Fernandes.

Exportação

No Brasil, o volume das exportações de soja em 2024 já chegou a 36,8 milhões de toneladas. Mato Grosso do Sul seguiu a tendência do Brasil, com o aumento das exportações no início de 2024, quando comparada com igual período do ano passado. Em volume, foram exportados 2,208 milhões de toneladas em 2023, e 2,443 milhões de toneladas, em 2024.

 Já em relação ao milho, em 2023, Mato Grosso do Sul exportou 1,2 milhões de toneladas, e em 2024, o total até agora está em 657,8 mil toneladas.

“O dólar é um forte influenciador nas exportações. Sendo que o aumento do valor do dólar causa uma desvalorização da moeda brasileira, o que torna o produto brasileiro mais atrativo, favorecendo a exportação, mas um fator que tem feito as exportações de milho caírem é o preço do milho disponível, visto que tem se apresentado melhor que os preços futuros, fazendo com que seja mais vantajoso vender para o mercado interno. Alguns produtores na expectativa de melhora dos preços, estão esperando para vender o grão no mercado internacional. Essa é uma estratégia que deve ser muito bem analisada, levando em consideração os riscos, já que outros fatores podem interferir negativamente nos preços, como o próprio aumento dos estoques”.

No mercado de milho atual, os preços no mercado futuro indicam estabilidade às cotações do cereal, mesmo com o avanço da colheita da segunda safra. Já para o último trimestre de 2024, a perspectiva atual é de alta nos preços, com a entressafra e a expectativa de estoques menores pesando na oferta e dando sustentação às cotações, e os riscos climáticos podendo impactar na precificação no mercado interno.

Clima

Com a chegada do La Niña no segundo semestre, para a safra 2024/25 no Brasil, há grande chance de impactos negativos na produtividade das lavouras, elevando o risco de menor oferta durante o primeiro trimestre de 2025, onde os estoques finais e a primeira safra têm peso maior na precificação do grão.

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