“Entender a mudança climática e a pobreza como desafios verdadeiramente mundiais, a serem enfrentados por meio de uma nova globalização socioambiental”. Essa é a posição do governo brasileiro para enfrentar os problemas que afetam os países, destacada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em discurso na abertura 1ª Reunião de Ministros de Finanças e Presidentes de Bancos Centrais da Trilha de Finanças do G20, realizada nesta quarta-feira (28/02), em São Paulo.
“Precisamos criar incentivos para que os fluxos internacionais de capital sejam direcionados de forma eficiente para as melhores oportunidades, definidas, não mais, em termos de lucratividade imediata, mas, sim, de acordo com critérios sociais e ambientais”, ressaltou o ministro, que enviou a declaração em vídeo gravado, já que não pode comparecer pessoalmente porque está em isolamento após ser diagnosticado com covid-19.
Haddad frisou que o Brasil propôs duas forças-tarefa fundamentais ao G20, em 2024, que são a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza e a Mobilização Global Contra a Mudança do Clima.
Segundo ele, os temas que a presidência brasileira apresentou para essa primeira reunião de Ministros das Finanças e Presidentes de Bancos Centrais do G20 emergiram do objetivo de construir uma nova globalização, centrada na cooperação internacional para a solução dos desafios sociais e ambientais. Essas medidas derivam das prioridades anunciadas pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para o G20, em 2024, que são o combate à fome e à pobreza, a promoção do desenvolvimento sustentável e a reforma da governança global.
Fernando Haddad lembrou que a última onda de globalização foi marcada pela busca de aumento da rentabilidade por meio da arbitragem trabalhista e regulatória em nível internacional, mas, enquanto milhões de pessoas saíram da pobreza, especialmente na Ásia, houve substancial aumento de desigualdades de renda e riqueza em diversos países. “Chegamos a uma situação insustentável, em que os 1% mais ricos detém 43% dos ativos financeiros mundiais e emitem a mesma quantidade de carbono que os dois terços mais pobres da humanidade”, ressaltou.
Programação – Enquanto pela manhã desta quarta-feira o debate teve como tema inicial estratégias para integrar a análise de desigualdades como uma preocupação fundamental de políticas macroeconômicas; à tarde, o foco será a atual conjuntura macroeconômica e estabilidade financeira internacional, temas centrais da trilha financeira do G20.
Para a manhã desta quinta-feira (29/02), as discussões serão sobre tributação progressiva, para fazer com que os bilionários do mundo paguem sua justa contribuição em impostos. No encerramento, será a vez da cooperação em questões de dívida e desenvolvimento sustentável.