Investimento em tecnologia tem feito a pecuária se fortalecer e manter o rebanho estável apesar da perda de espaço físico de pastagem para a lavoura.
Vilson Nascimento
A chegada em grande escala da agricultura, sobretudo o cultivo da soja na década de 2000 chegou a ser apontada como uma ameaça para a pecuária que predominava a atividade rural em Amambai e outros municípios da região, mas agora, passados dez anos, o que se viu na realidade foi o crescimento dos dois setores.
Em Amambai, em 2007 o rebanho bovino era de 349,6 mil cabeças e agora, em 2017, onze anos mais tarde, está em 299.208 cabeças, segundo dados colhidos pela nossa reportagem nessa quarta-feira, dia 5 de setembro, junto a Iagro (Agáncia Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal)
Nesse mesmo período de onde anos a área plantada com soja saltou de 29,8 mil hectares para mais de 74 mil hectares (segundo o IBGE), ou seja, são 45 mil hectares a menos destinada í pecuária, mas o rebanho se mantém estável e com tendáncia de aumento.
Segundo o presidente do Sindicato Rural de Amambai (SRA), Ronan Nunes da Silva, isso se deve a dois fatores, a rotatividade agricultura/pecuária dentro das propriedades e o investimento do pecuarista na melhora genética do rebanho.
Segundo o médico veterinário Evaldir Frank, da Veterinária Agrocampo, a boa produtividade, principalmente da soja na região, levou muitos produtores, antes atuando somente na pecuária, a investir também na agricultura, promovendo, como disse o presidente do SRA, a rotatividade agricultura/pecuária em suas propriedades.
Com isso a qualidade das pastagens melhorou, consequentemente fez aumentar a capacidade de animais por hectare.
Segundo Evaldir, mesmo os pecuaristas que não migraram para a lavoura, movidos pelo exemplo do agricultor que investe na tecnologia e no melhoramento do solo e principalmente pela necessidade do mercado, que hoje exige produto de qualidade, além de investir na melhoria da genérica do rebanho, se viram obrigados a investir também na melhoria da pastagem.
De acordo com o veterinário, há alguns anos, com a predominância da pecuária extrativista, a capacidade de âUnidade Animalâ (cada unidade animal equivale a 450 quilos), era entre 0,3 e 0,7 por hectare em Amambai.
Com o investimento do pecuarista na tecnologia e qualidade de pastagem, hoje é possível haver a variação entre 1 a até 4 Unidade Animal no mesmo espaço utilizado anteriormente.
Segundo Evaldir Frank, ainda existem pecuaristas que mantém o sistema extrativista tradicional, sem investimento na melhora das pastagens e na qualidade genética do rebanho, mas quem adotou essa linha de trabalho vai encontrar cada vez mais dificuldades de colocar seu produto no mercado.
De acordo com o especialista, tempos atrás, com a pecuária extrativista, um animal levava entre 3 a 5 anos do nascimento até estar pronto para o abate.
Atualmente com o melhoramento da pastagem e principalmente da genética, esse tempo foi reduzido para 18 a 30 meses, ou seja, a rás vai para o abate em um período que varia de 1,5 a 2,5 anos, gerando menor custo de produção e carne de melhor qualidade, que supre as exigáncias do mercado.
Amambai é modelo na produção de carne
Amambai é apontada hoje como uma referáncia de qualidade no mercado da pecuária e tem uma das carnes mais aceitas no mercado.
Segundo o médico veterinário Evaldir Frank, isso se deve pela forma que o boi é engordado, com pastagem, o que deixa a carne mais saborosa.
O potencial do agronegócio amambaiense, que é a base da economia e da geração de emprego e renda no município de 38,4 mil habitantes, é apresentando anualmente í população e principalmente aos investidores, durante a Expobai, a feira agropecuária, que traz entretenimento para a população, mas tem como objetivo principal servir de vitrine para ao agro de Amambai.
Reportagem publicada em janeiro de 2018, atualizada e republicada nesta quinta-feira, 5 de setembro, por ocasião da 30ª Expobai.
Fotos: Vilson Nascimento
2018-09-05 16:08:12