A pesquisa também revelou que Coronel Sapucaia teve em 2017, a taxa mais alta de mortes provocadas por acidente de trânsito entre as cidades gámeas.
O município de Paranhos, a 477 quilômetros de Campo Grande, na fronteira seca de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, tem os maiores índices de homicídios e de mortes por arma de fogo entre as 32 cidades gámeas do Brasil. í o que aponta estudo divulgado nesta terça-feira (21), pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf). Em junho, o próprio prefeito do município, Dirceu Bettoni (PSDB), sofreu um atentado dentro de sua casa.
O estudo foi realizado a partir de dados oficiais censitários disponibilizados pelo governo federal e municípios em 2016 e 2017. Ele traça uma radiografia das áreas de fronteira do Brasil, já que são reconhecidas como gámeas pelo Ministério da Integração Nacional, as cidades brasileiras que são vizinhas a municípios de outros países, sendo separados por uma linha fronteiriça seca ou fluvial e que tenham mais de dois mil habitantes e representem uma integração econômica e cultural entre as nações.
Conforme o ministério, Mato Grosso do Sul tem sete cidades gámeas, sendo seis com municípios paraguaios: Bela vista, Coronel Sapucaia, Mundo Novo, Paranhos, Ponta Porã e Porto Murtinho, e uma com um município boliviano, Corumbá. O estudo analisou nestas cidades e nas outras gámeas do país, os quatro principais eixos de desenvolvimento: Educação, Saúde, Economia e Segurança Pública.
Na Segurança Pública analisou quatro indicadores, dos quais, as gámeas do estado obtiveram os piores resultados em trás. No número de homicídios, Paranhos registrou o índice mais alto do país em 2017, com 109,70, quase quatro vezes a média nacional, que é de 27,85 mortes para cada 100 mil habitantes. Em segundo lugar apareceu outra cidade sul-mato-grossense, Coronel Sapucaia, com 67,04.
Paranhos também contabilizou no mesmo ano, de acordo com o estudo, o maior índice de assassinatos por arma de fogo, com 58,51 a cada 100 mil habitantes. A média do país ficou no mesmo quesito em 20,31 e entre as cidades gámeas, 19,76. O segundo pior resultado também foi de outro município sul-mato-grossense, Ponta Porã, com 48,77.
A pesquisa também revelou que Coronel Sapucaia teve em 2017, a taxa mais alta de mortes provocadas por acidente de trânsito entre as cidades gámeas, 46,93 por 100 mil habitantes. O estudo creditou o número a uma série de fatores, entre eles ao fato de que como as cidades gámeas fazem parte da rota da contrabando e tráfico, muitas vezes, veículos furtados ou roubados são utilizados para o transporte ilegal e os condutores se arriscam sem qualquer preocupação com a legislação de trânsito.
Outro indicador preocupante, conforme o Idesf, é o número de suicídios,o segundo maior encontrado na região fronteiriça, chegando a 29,25 para cada cem mil habitantes em Paranhos. A média nacional é de 5,13.
Outros índices da pesquisa O índice de internações hospitalares também chama atenção na fronteira de Mato Grosso do Sul, chegando a 99,2 a cada mil habitantes em Mundo Novo, quase o dobro da média brasileira de 51,3. ;Há uma correlação desses números, sendo que os dados de violáncia indicam que toda uma condição social que teria que vir antes – de educação, de saúde e de crescimento econômico – é falha, gerando esses indicadores preocupantes;, destacou Luciano Stremel Barros, presidente do Idesf.
O estudo mostrou que nos municípios de Mato Grosso do Sul pesquisados a administração municipal tem um grau de dependáncia acima de 70% de verbas federais e estaduais, o que indica baixos índices de arrecadação. Em Coronel Sapucaia, 90,27% dos recursos municipais são originados dessas transferáncias.
Segundo o presidente do IDESF, no conjunto os dados apontam que a falta de perspectiva econômica dessas regiões é fator que leva muitos jovens a ingressarem em atividades ilícitas. ;O resultado vem em cadeia: evasão escolar, altos índices de violáncia, inclusive no trânsito, que reflete incidáncia de acidentes gerados em situações de contrabando;, avalia.
Este é o segundo diagnóstico sobre o desenvolvimento das áreas fronteiriças realizados pelo Idesf. O levantamento de dados das fronteiras foi enviado pelo Instituto para todos os candidatos í presidáncia da República. ;O objetivo é que o estudo seja utilizado como ferramenta para que governos e entidades civis proponham políticas públicas de desenvolvimento para essas regiões esquecidas;, afirmou Luciano Barros.
Fonte: G1
2018-08-28 11:01:49