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sábado, 16 de novembro de 2024

Fronteira de MS é por onde passa mais de 60% da cocaína que entra no Brasil

Estudo aponta que após a morte de Jorge Rafaat, o PCC se instalou em Ponta Porã para comandar as operações do ponto

O estudo feito pela Esfera Brasil em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta que a fronteira de Mato Grosso do Sul é por onde passa 60% da cocaína que entra no país, e Ponta Porã é tida como a principal cidade, em que o Primeiro Comando da Capital (PCC) se instalou para comandar as operações do tráfico internacional de drogas.

O levantamento que analisa a Segurança Pública e o Crime Organizado no Brasil esclarece que após a morte de Jorge Rafaat, assassinado pelo PCC em 2016, deu início ao estabelecimento da facção paulista na cidade de MS que faz fronteira com o Paraguai. O documento revela que antes de ir a óbito, Rafaat abastecia tanto o PCC quanto o Comando Vermelho (CV), grupo de crime organizado do Rio de Janeiro.

“O recorde de mortes violentas intencionais no Brasil, em 2017, esteve diretamente associado a um amplo conflito entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), grupos oriundos, respectivamente, de São Paulo e Rio de Janeiro, por rotas transnacionais e interestaduais para o narcotráfico. Esse conflito teve início em 2016, com o assassinato, pelo PCC, de um atacadista de drogas em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, que abastecia as duas facções”, esclarece o estudo.

O levantamento relata ainda que essa disputa por território e rotas se estende por todo o país. Atualmente, o PCC está em 23 estados brasileiros, enquanto o CV atua em 20 unidades da federação. A Secretaria Nacional de Políticas Penais informa ainda que em MS, além da atuação das principais facções do Brasil, atuam também o Sindicato do Crime, Bonde do Maluco (BDM), Os Mano e o Primeiro Comando Catarinense (PCC).

“A morte de Jorge Rafaat fez com que o PCC passasse a controlar a rota de Ponta Porã, que responderia, segundo relatos de investigadores que atuam na área, por mais de 60% de toda cocaína que entra no país. Isolado dessa rota, o Comando Vermelho se aliou com a facção Família do Norte, que controlava rotas alternativas que passavam pela Região Norte”, acrescenta o documento.

Segundo o relatório, essas dinâmicas típicas do mercado do crime colocam essas facções frequentemente em “rota de colisão”, que é a disputa por controle dessas rotas e áreas de atuação e venda de entorpecentes, já que é um “mercado não regulado juridicamente”.

“A violência é um instrumento frequentemente utilizado para resolução de conflitos, além da necessidade de corromper agentes públicos e de comprar armas de fogo”, expõe o relatório a respeito dos crimes, que estão relacionados ao tráfico internacional de drogas.

Um outro estudo, realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), com base em dados do Escritório da Organização das Nações Unidas (ONU) para Crimes e Drogas, “estimou que só a cocaína que passa pelo Brasil e não é apreendida, seja para consumo interno, seja para reexportação para Europa, África, Ásia e Oceania, gere um faturamento com a distribuição da droga de US$ 65,7 bilhões”, cerca de R$ 335,10 bilhões, o que equivale a 3,98% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2021.

JORGE RAFAAT

Jorge Rafaat Toumani era empresário e líder do narcotráfico na fronteira. O sul-mato-grossense tinha dupla cidadania, brasileira e paraguaia, e foi morto em junho de 2016, executado em uma emboscada no centro de Pedro Juan Caballero, cidade do Paraguai.

No entanto, essa foi a terceira tentativa que o narcotraficante havia sofrido em mais de 10 anos de atuação.
A emboscada teve cerca de cem mercenários ligados a grupos paraguaios e ao PCC, atuando com uso de armamentos antiaéreos e metralhadoras de uso exclusivo das Forças Armadas, apontou na época os investigadores.

Ao todo, mais de 400 disparos foram efetuados contra o carro, que era blindado, de Rafaat. Uma metralhadora ponto 50 foi utilizada na ação. Além da morte do chefe do crime, estabelecimentos comerciais do narcotraficante foram queimados e alvos de destruição. Em dezembro de 2018, um dos seguranças de Rafaat, Orlando da Silva Fernandes, também foi executado, dessa vez em Campo Grande, com diversos disparos de fuzil.

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