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domingo, 24 de novembro de 2024

Vacinação entra no calendário escolar, mas ainda enfrenta resistência de mães

O Senado aprovou essa semana a imunização em escolas, mas algumas vacinas provocam receio nos responsáveis

O Projeto de Lei n° 826/2019, que visa instituir o Programa Nacional de Vacinação em Escolas Públicas foi aprovado no Senado Federal na última terça-feira (21), e vai à sanção do presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT).

Correio do Estado ouviu cinco mães de Campo Grande, que são a favor da iniciativa, mas algumas possuem ressalvas a respeito do tema. 

A arquiteta Joice Tiago Campos é mãe da pequena Lorena, de 7 anos, e autorizaria a vacinação da filha no ambiente escolar, no entanto, relata ter receio quanto as reações, já que algumas crianças choram e ficam mais sensíveis, então, gostaria de acompanhar a filha. 

“Os pequenos choram tanto, que teriam que estar acompanhados de nós, pais, alguns tem reações. No dia eu acompanharia, mesmo autorizando”, comenta a arquiteta. 

Joice também possui outros receios, em relação a algumas vacinas, como a contra a Covid-19.

“Uma das vacinas que eu sou contra é a da Covid, em crianças, o resto das vacinas, da gripe e as outras, eu sempre corro atrás para vacinar”, informa. A arquiteta acredita que falta informações sobre o imunizante nas crianças. 

A dentista e estudante de biologia, Leticia Maciel Pavesi, também é a favor, principalmente porque o índice de vacinação contra doenças como a dengue, está abaixo do esperado, e como alguém da área da saúde e biologia, acredita que são imunizantes importantes de serem incorporados no calendário vacinal. 

“Principalmente contra a dengue, acho que as pessoas não têm noção do quanto faz falta, do quanto é importante essa vacinação. E sobre as outras, tanto gripe quanto Covid, eu acho que são superimportantes e é uma iniciativa do governo que é inexplicável”, expõe Pavesi, que é mãe do Lucas, de 10 anos de idade. 

A servidora pública, que não quis se identificar, acredita que a decisão do Senado Federal é importante para que os índices de imunização aumentem.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande (Sesau), em 2023 a vacina contra a febre amarela obteve apenas 79,19% de cobertura, o menor índice vacinal do ano, enquanto o imunizante BCG teve a maior adesão, com 109,42% de cobertura. 

“É uma política de saúde bem necessária, principalmente devido a várias doenças que já foram erradicadas com vacina, e hoje em dia a gente tem caso de óbito, por exemplo, de criança com meningite, que era uma doença que já tinha sido erradicada no Brasil. Além disso também a gente consegue otimizar bastante o tempo dos pais, que por muitas vezes não tem tempo de levar a criança pra tomar vacina”, informa a servidora. 

Vacinação entra no calendário escolar, mas ainda enfrenta resistência de mães

De acordo com dados da Sesau, a vacina Meningo C, teve apenas 88,27% de adesão em 2023, índice um pouco menor que em 2022, quando teve 88,57% de adesão. De 2018 até o ano passado, o ano que a vacina contra a meningite teve maior cobertura foi em 2019, quanto atingiu 96,51% do público. 

Jordana Vilarins é mãe da Catarina, de 6 anos, e relembra que na sua época de escola a vacinação nos colégios era algo “super normal”, e foi devido a essa iniciativa que diversas doenças foram erradicadas. 

“Eu sou a favor, dependendo da vacina, porque antigamente, na minha época do ensino fundamental, tinha vacina nas escolas, na época da minha mãe também, era super normal e foi graças a essa vacinação nas escolas que muitas doenças foram erradicadas, e de um tempo para cá, até a coqueluche voltou”, pontua Jordana. 

A mãe comenta ainda que apesar de ter dado a vacina contra a Covid para sua filha, ficou atenta devido ao tempo que o imunizante foi desenvolvido.

“A gente teve que avaliar os prós e os contras de vacinar a Cata, que é asmática, e tinha receio de que a condição dela agravasse caso pegasse Covid, que mesmo com a vacina pegamos quatro vezes aqui em casa”, relata Jornada. 

A publicitária e tatuadora, Carla Souza, é mãe de Otto, de um ano e dois meses, e também acha válida a vacinação nas escolas.

“Muitas crianças passam mais tempo na escola do que em casa, além da praticidade, o exemplo com os amigos”, diz a publicitária. 

Carla pontua que, devido a necessidade de autorização, se os pais não concordarem com a iniciativa, é “só não autorizar”, o que torna a medida algo simples. 

INICIATIVA 

A Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que desde o ano passado possui o programa Aluno Imunizado, que é uma iniciativa da coordenadoria de Imunização e do Programa Saúde na Escola (PSE), voltada para a vacinação de crianças e adolescentes de 0 a 15 anos de idade, com o “objetivo de promover a integração e a comunização entre a Unidade Básica de Saúde (UBS) e escolas, de forma a ampliar o alcance de suas ações”. 

A SES informa em nota que o trabalho feito no ano passado obteve bons resultados, mas não repassou um balanço dessas ações. Este ano, a secretaria relata que “a campanha vem acompanhada de incentivo financeiro aos municípios e Estado, para custeio das ações via Ministério da Saúde. 

A Sesau também informou que já realiza vacinação nas escolas, e que todas as unidades de ensino da Rede Municipal de Ensino (Reme), fazem parte da iniciativa, que pode ser feita tanto por busca ativa, que é quando os agentes de saúde vão em locais que a adesão está baixa, quanto em atividades de rotina das unidades de saúde. 

Para o médico infectologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Julio Croda, a aprovação da lei no Senado é importante como uma forma de garantir mais acesso a população, principalmente para aqueles que tem dificuldades de ir até as unidades de saúde. 

“Isso acontece em outros países, a checagem do cartão vacinal, a completude e a complementação desse cartão durante a matrícula. Ano a ano, o acompanhamento dessa criança”, reforçou Julio.

Croda chamou atenção para a vacina contra o HPV (Papilomavírus Humano, sigla em ingês), que previne contra alguns tipos de câncer, sendo o principal, o de colo do útero, e têm baixa cobertura no Brasil.

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