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domingo, 24 de novembro de 2024

Clima quente e seco de MS bloqueia saída de chuva do RS

As massas de ar que estão no Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, estão barrando o avanço da frente fria que está causando tempestades no Rio Grande do Sul

Há mais de uma semana, o Rio Grande do Sul sofre os impactos de uma frente fria, que estacionou no Estado, causando tempestades e enchentes em diversos municípios.

Segundo a meteorologia, um dos fatores que explicam a quantidade de chuvas na região é o bloqueio feito pelas massas de ar quente e seco, que estão no Centro-oeste e Sudeste do país, e impedem o avanço da frente fria para o Norte. 

Entre os Estados que estão sob influência das massas de ar quente e seco, que bloqueiam a passagem da frente fria, está Mato Grosso do Sul, que inclusive, está também há uma semana, sob onda de calor, que é quando as temperaturas permanecem pelo menos 5°C, acima do esperado para a época, por mais de cinco dias. 

Vinicius Sperling, meteorologista do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec), informa que apenas uma “frente fria mais intensa” é o sistema meteorológico capaz acabar com esse bloqueio formado pela junção de altas temperaturas, baixa umidade, muitos dias sem chuvas e sem nuvens, registradas em alguns estados e em MS. 

“Infelizmente está tudo conectado. Uns com enchentes históricas e outros estados batendo, ou se aproximando, dos recordes de calor em maio”, relata Sperling. 

Vinicius explica que toda a água que estava presa ao norte do Rio Grande do Sul, desce para Porto Alegre, aumentando o volume da enchente no local.

O meteorologista aponta ainda que nessa semana, a chuva está concentrada em sua maior parte na região sul do RS, porque o a massa de ar quente empurrou a frente fria que, ia em direção ao norte, de volta para o sul. 

Além disso, as temperaturas do Rio Grande do Sul também tiveram uma elevação nesse início de semana, influenciadas pelo vento norte, que traz o ar quente para as regiões. 

Para a próxima semana, entre 16 e 17 de maio, Vinicius informa que tem um indicativo de que as chuvas podem romper o bloqueio da massa de ar quente e seco, mas alerta que isso será acompanhado, para verificar se realmente essa mudança vai acontecer. 

“Até então, para essa semana, a situação é essa mesmo, as chuvas continuam presas mais pro Uruguai, um pouco para o norte do Rio Grande do Sul novamente, e aqui (em MS) não entra nada”, explica Vinicius. 

O meteorologista e coordenador-geral da Operação e Modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Marcelo Seluchi, disse em entrevista à TV Brasil, que essas frentes frias vêm da Argentina, e por isso chegam rapidamente à região Sul do Brasil, onde acabam “presas”, e que essa situação não tem influência do fenômeno El Niño, que já está saindo de atividade. 

PREVISÃO 

Para essa semana, o Cemtec aponta que Mato Grosso do Sul continuará com tempo firme, sol e poucas nuvens, sendo esperadas altas temperaturas, que tendem a ficar acima da média para o período, podendo atingir valores entre 34°C e 38°C, aliado a baixos valores de umidade relativa do ar, entre 20 e 45%. 

“Essa situação meteorológica ocorre devido a atuação de uma alta pressão atmosférica. Este sistema meteorológico continua favorecendo o bloqueio atmosférico sobre o centro do país, inibindo a formação de nuvens e chuvas em grande escala”, informa o Cemtec. 

Durante toda essa semana, apenas Porto Murtinho, a região oeste e extremo sul do Estado, possuem uma baixa probabilidade de ocorrer leve queda das temperaturas e pancadas de chuvas bem isoladas, aponta o Centro de Monitoramento. 

Clima quente e seco de MS bloqueia saída de chuva do RS

As chuvas em Mato Grosso do Sul estão abaixo da média histórica desde o início do ano, com exceção apenas do mês de abril, que em 30 municípios do Estado a precipitação acumulada ficou acima da média, e em 15 cidades, abaixo da média. 

No restante dos meses, janeiro, fevereiro e março, a maior parte de MS teve chuvas abaixo, sendo a pior situação registrada em janeiro, quando 41 municípios do Estado ficaram com precipitação acumulada abaixo da média histórica, e apenas 6 cidades tiveram chuvas acima da média. 

Este cenário deve continuar nos próximos meses. A previsão do Cemtec é de que o trimestre de maio, junho e julho, que já possue uma tendência climática de menos chuvas, registre precipitações abaixo da média histórica, e a temperatura fique acima do esperado.

“Ou seja, um trimestre mais quente que o normal em Mato Grosso do Sul”, aponta o relatório do órgão.

O meteorologista Vinicius Sperling alerta para essas condições climáticas, que favorecem a propagação de queimadas, não apenas na região do Pantanal, como já foi observado no início desse ano, mas também, nas cidades. Em um bairro de Campo Grande, Sperling flagrou fogo se alastrando em uma região de mata. 

“Desde fevereiro que o Cemtec vem falando na possibilidade de chuvas abaixo da média em todo o período chuvoso praticamente, com tempo quente, tempo seco, e está aí, em Campo Grande a situação (de queimada), em um bairro, mas a tendência é que cresça esse fogo, aumente o número de focos, e isso é um exemplo da massa de ar quente e seca”, contextualiza o meteorologista. 

SAIBA

Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e o norte do Paraná são os estados que fazem parte do bloqueio atmosférico que impede a passagem das chuvas do Rio Grande do Sul.

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