O Brasil bateu recorde de conflitos no campo em 2023, com 2.203 casos, apontou relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT), nesta segunda-feira (22). O número representa um aumento de 60% na intensidade da violência rural nos últimos 10 anos.
Em paralelo, o país teve 31 assassinatos no primeiro ano do governo Lula (PT), o menor número desde 2020, quando foram 21.
A CPT realiza publicações anuais sobre conflitos no campo desde 1985 e registra os que são entendidos como ações de resistência e enfrentamento que acontecem em diferentes contextos sociais no campo, envolvendo a luta pela terra, água, direitos e pelos meios de trabalho ou produção.
Em 2023, a principal categoria das ocorrências foram disputas por terra, sendo cerca de 71,80% dos casos, seguido por água (11,40%), trabalho (10,40%) e resistência (6,30%).
Já o principal motivo dos conflitos, nos últimos 10 anos, foi invasão das propriedades, com 359 ocorrências, seguida de pistolagem (264), destruição de pertences (101), destruição de casas (73), destruição de roçados (66) e expulsão (37).
Em relação aos assassinatos, em 2023, os indígenas foram as principais vítimas, representando 45,17% dos casos, com 14 vítimas. Também foram assassinados 9 trabalhadores sem-terra, 4 posseiros, 3 quilombolas e 1 funcionário público.
Apesar do número total de assassinatos ter sofrido uma queda na relação com o ano anterior (que teve 47 casos), na Zona de Desenvolvimento Sustentável (ZDS) Abunã-Madeira, região que abrange 32 municípios do Amazonas, do Acre e de Rondônia, o número se manteve o mesmo, com 8 assassinatos, sendo que 5 foram causados por grileiros e 5 das vítimas pertencem ao grupo sem-terra.
Segundo o relatório, a região se tornou “epicentro de grilagem para exploração madeireira e criação de gado, com altas taxas de desmatamento, queimadas e conflitos”.
O Norte é a região com mais casos de disputas, representando 35% das ocorrências, seguida do Nordeste, com 32%.
Os dois estados com mais conflitos no período entre 2014 e 2023 pertencem a justamente essas regiões, sendo o Pará em primeiro lugar, com 1.999 ocorrência no período, seguido pelo Maranhão, com 1926.