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sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Na administração pública ou no Legislativo, o lugar delas também é na política

Líderes abordam a importância da representatividade feminina neste Dia Internacional da Mulher

Em uma jornada que se estende de Mato Grosso do Sul para todo o território brasileiro, destacamos as mulheres que têm deixado sua marca na história, representando nosso Estado, enriquecendo nossa cultura e defendendo temas cruciais para o desenvolvimento de novas políticas públicas.

Apesar de constituírem a maioria da população (51,1%) e do eleitorado (52,62%), as mulheres ainda enfrentam desafios consideráveis na sua representação política, como apontam dados recentes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Entre os filiados a partidos políticos, 53,8% são homens (8.493.990), enquanto as mulheres representam 46,2% (7.284.431).

A desigualdade na representação política ficou evidente nas eleições gerais de 2022, em que, embora 9.891 mulheres tenham se candidatado, apenas 311 delas foram eleitas, correspondendo a meros 18,2% do total de eleitos.

“Não é fácil ser mulher e ocupar os espaços de poder e de decisão. E essa é uma realidade ainda mais difícil quando tratamos de mulheres negras, rurais, indígenas, mulheres trans, com deficiência.
Para que a democracia seja fortalecida, é crucial que tenhamos a maior representatividade de mulheres em todos os espaços de poder e de decisão”

– Cida Gonçalves, ministra das Mulheres

O levantamento feito pelo Observatório Nacional da Mulher na Política, da Câmara dos Deputados, também mostra que a proporção de mulheres eleitas para cargos proporcionais no Poder Legislativo estadual, distrital e nacional nunca ultrapassou 18,52%, registrado como o máximo, em 2014, para candidaturas femininas ao Senado.

“O mundo, o Brasil em especial, só vai ser melhor e mais justo quando homens e mulheres, lado a lado, estiverem no poder em igualdade de condições. Para todas as mulheres do Brasil, quero dizer que defendo incansavelmente a importância da representatividade da mulher na política e em espaços de poder.
A mulher faz bem o papel em qualquer posição. Cheguei onde cheguei também por conta do voto de muitas mulheres. O caminho não é fácil, mas não vamos desanimar. Há muito por fazer. Mulher é amor e coragem”

– Simone Tebet (MDB), ministra do Planejamento e Orçamento

Outro fator determinante para essa disparidade é o peso das responsabilidades de cuidado que recaem sobre as mulheres. Além de suas atividades profissionais, elas frequentemente assumem a maior parte das tarefas relacionadas ao cuidado da família e do lar, resultando em uma menor disponibilidade para atividades políticas do que os homens.

“Como senadora da República e representante das mulheres no meio político, posso afirmar que a violência política de gênero existe e é uma das principais causas para que as mulheres sejam desencorajadas a ingressar nesse ambiente.
Eu mesma já sofri isso na pele! É uma luta constante e que não podemos abandonar pelo fortalecimento feminino no mundo político”

– Soraya Thronicke (Podemos), senadora

Apesar de se tratar da minoria, a atuação das mulheres na política não passa despercebida. Por isso, em celebração ao Dia Internacional das Mulheres, o Correio B entrevistou as representantes sul-mato-grossenses, discutindo a importância crucial da representatividade feminina na política. 

“A falta de vagas na creche afeta especialmente as mães, que muitas vezes precisam deixar de trabalhar para cuidar dos filhos. O transporte público precário e lotado expõe as mulheres a assédio e abuso sexual.
A falta de iluminação está diretamente ligada à violência, sendo as mulheres as principais vítimas.
Embora haja homens que também lutem por essas questões, as mulheres trazem esses temas com maior ênfase. A visão conjunta de homens e mulheres é essencial para fortalecer verdadeiramente a democracia”

– Rose Modesto (União Brasil), titular da Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco)

Tereza Cristina (PP), mãe de dois filhos e avó de dois netos, brilha como a senadora mais votada na história de Mato Grosso do Sul, com expressivos 829.149 votos conquistados em 2022. Essa conquista notável a coloca à frente do senador Ramez Tebet, que obteve 734.253 votos em 2002. 

“Durante muito tempo as mulheres foram proibidas de ocupar espaços de poder e exercer as representatividades.
Através de muita luta, nós conseguimos ocupar esse quadro e, hoje, a gente pode comemorar, ainda que um pouco, as nossas conquistas e os nossos avanços.
Vamos lutar e procurar eleger mais representantes mulheres, por um País mais justo, onde todos possam ter oportunidades iguais para crescer e se desenvolver”

– Camila Jara (PT), deputada federal

Além de sua carreira no Senado, Tereza Cristina desempenhou o papel de ministra de Agricultura e Pecuária durante o governo de Jair Bolsonaro e foi eleita deputada federal por Mato Grosso do Sul em duas ocasiões.
Em suas reflexões para o 8 de Março, a senadora destaca a trajetória recente do voto feminino no Brasil, que tem apenas 92 anos.

“A presença de mulheres na política serve como um modelo inspirador para as gerações futuras, incentivando mais mulheres a se envolverem na esfera pública e a assumirem papéis de liderança. Além disso, é fundamental que, em uma sociedade onde as mulheres representam 53% da população, haja uma representação proporcional nas esferas de poder”
– 
Mara Caseiro (PSDB), deputada estadual

Apesar de representarem a maioria da população e do eleitorado, as mulheres ocupam apenas 20% das cadeiras da Câmara dos Deputados e do Senado, mesmo com cotas partidárias e incentivos financeiros.

“Uma representação feminina mais ampla promove estabilidade, inclusão e, acima de tudo, fortalece os pilares da democracia, paz e prosperidade. Temos uma bancada de 15 senadoras e, no cenário estadual, Mato Grosso do Sul se destaca com duas senadoras, uma ministra e uma prefeita da Capital, além de um recorde de filiação de mulheres”, destaca a senadora.

“Nós mulheres não podemos ser encaradas como números, como fazem alguns partidos. E este ano é decisivo para que nós possamos mostrar a nossa força, a nossa garra, a nossa coragem. Somos brasileiras de fato, com direito a voto, mas com direito também de decisão, de disputarmos de igual para igual. É chegada a hora da força da mulher sul-mato-grossense”
– 
Lia Nogueira (PSDB), deputada estadual

Contudo, apesar das iniciativas positivas, a senadora pondera que o Brasil ainda precisa avançar. A 10ª edição da Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, realizada pelo DataSenado, revelou números preocupantes: apenas 7% das brasileiras se sentem respeitadas, enquanto 92% afirmam não se sentirem respeitadas ou apenas ocasionalmente. Alarmantemente, 74% acreditam que a violência doméstica aumentou no último ano.

As mulheres no espaço da política são fundamentais para a gente começar realmente a ter transformações na sociedade.
Transformações que são vistas a partir do nosso olhar, de quem vivencia demandas necessárias dentro de vários segmentos que os homens não têm essas necessidades.
A gente pensa muito a partir da nossa vivência, por isso é importante que as mulheres estejam dentro desses espaços”
– 
Gleice Jane (PT), deputada estadual

“Portanto, minhas amigas e amigos, apesar de todas as boas iniciativas, o Brasil ainda precisa avançar muito. Temos, neste 8 de Março, de comemorar as conquistas, mas continuar exigentes e vigilantes! A mulher brasileira pode e deve chegar onde ela quiser”, finaliza Tereza Cristina.

“Quando as mulheres têm a oportunidade de ocupar posições de liderança e influência, trazem consigo perspectivas únicas, experiências variadas e um conjunto diversificado de habilidades.
Devemos promover ativamente a participação das mulheres nos espaços de poder, eliminando barreiras e criando oportunidades equitativas de liderança.
Isso não apenas fortalecerá nossa democracia e nossas instituições, mas também nos aproximará de um futuro mais justo, inclusivo e próspero para todos” 
 Dione Hashioka (Podemos), deputada estadual

Confira as falas das demais líderes de Mato Grosso do Sul, que não apenas moldam a política local, mas contribuem para a construção de um cenário político mais equitativo em todo o País.

Nossa equipe de reportagem também entrou em contato com as lideranças femininas Luiza Ribeiro (PT), vereadora de Campo Grande, e Adriane Lopes (PP), prefeita de Campo Grande, mas, até o fechamento desta edição, não teve retorno.

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