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quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Petrobras anuncia fim da paridade de importação do petróleo e nova política de preço para combustíveis

Estatal diz que reajustes serão feitos sem periodicidade, evitando o repasse para os preços internos da volatilidade internacional e do câmbio.

Imagem ilustrativa – Crédito: Pixabay

Jéssica Sant’Ana e Mateus Rodrigues, g1 

A Petrobras anunciou nesta terça-feira (16) o fim da paridade de preços do petróleo – e dos combustí­veis derivados, como gasolina e diesel – com o dólar e o mercado internacional.

Pela regra em vigor desde 2016, o preço desses produtos no mercado interno acompanha as oscilações internacionais, ou seja, não há intervenção do governo para garantir preços menores.

A Petrobras anunciou o fim desse mecanismo automático.

;Os reajustes continuarão sendo feitos sem periodicidade definida, evitando o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio;, diz o comunicado.

No cálculo anterior, chamado de Preço de Paridade de Importação (PPI), a Petrobras considerava o valor do petróleo no mercado global e custos logí­sticos como o fretamento de navios, as taxas portuárias e o uso dos dutos internos para transporte.

Segundo a nota oficial da Petrobras, a nova ;estratégia comercial; usa duas referáncias de mercado:

  1. o ;custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação;, e
  2. o ;valor marginal para a Petrobras;.

1️⃣ ;O custo alternativo do cliente contempla as principais alternativas de suprimento, sejam fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos;, explica o comunicado da Petrobras.

2️⃣ Já o ;valor marginal;, segundo a petroleira, é ;baseado no custo de oportunidade dadas as diversas alternativas para a companhia dentre elas, produção, importação e exportação do referido produto e/ou dos petróleos utilizados no refino;.

;Com a mudança, a Petrobras tem mais flexibilidade para praticar preços competitivos, se valendo de suas melhores condições de produção e logí­stica e disputando mercado com outros atores que comercializam combustí­veis no Brasil, como distribuidores e importadores;, diz o texto.

Lula quer ‘abrasileirar’ o preço

Desde a campanha, o hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vinha falando em ;abrasileirar; o preço dos combustí­veis. O que, de modo geral, significa criar mecanismos para reduzir o impacto dessas oscilações internacionais do petróleo nas bombas dos postos.

Em um comunicado no último domingo (14), a Petrobras informou que analisaria o tema nesta semana.

Prates fala em manter competitividade

Na sexta-feira (12), o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, já havia antecipado que a petroleira deveria decidir nesta semana sobre os reajustes de combustí­veis e a nova polí­tica de preços praticada pela estatal.

Questionado sobre o novo critério utilizado para definição de preços nas refinarias, Prates afirmou que será o de ;estabilidade versus volatilidade;. Segundo ele, o novo formato deverá evitar tanto a estagnação de preços quanto o que chamou de ;maratona; de reajustes.

;Não precisamos voltar ao tempo em que não houve nenhum reajuste no ano inteiro. Em 2006 e em 2007 aconteceu isso. E também não precisamos viver dentro da maratona de 118 reajustes para um único combustí­vel, como foi em 2017, o que levou í  crise enorme da greve dos caminhoneiros;, afirmou ele, na ocasião.

Prates disse também que, mesmo com a mudança, a Petrobras continuará seguindo a referáncia internacional e mantendo a competitividade interna. ;Nós não vamos perder venda. Não vamos deixar de ter o preço mais atrativo para os nossos clientes.;

O presidente mencionou também a produção brasileira dentro da composição de preços, citando a estrutura de escoamento, de transporte, a capacidade de refino e a fonte de petróleo do paí­s.

;Tudo isso faz parte de um modelo de preços empresarial que a Petrobras vai conversar melhor na semana que vem;, concluiu.

Novo cálculo não foi divulgado

O comunicado da Petrobras, no entanto, não apresenta uma fórmula clara indicando qual será o peso de cada fator no novo cálculo.

Sócio-fundador e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), o economista Adriano Pires afirmou ao g1 que o comunicado da Petrobras é confuso e ;tumultua o mercado; ao dizer, por exemplo, que o preço de paridade ;passa a ser uma referáncia;.

Pires chegou a ser cotado para assumir o comando da Petrobras, em 2022, mas desistiu em meio a uma apuração sobre possí­vel conflito de interesses – já que, como especialista na área, ele havia prestado consultoria a investidores privados.

;Esse tipo de anúncio que vem sendo feito está tumultuando o mercado. O dono de posto que compra gasolina, o distribuidor, ninguém está comprando nem vendendo. A própria Petrobras para de vender;, avaliou.

2023-05-16 08:19:00

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