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quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Com troca de cartas, alunos de SP criam laços com crianças de aldeia em Caarapó

Ela estava sentada em uma praça de Caarapó quando viu crianças indí­genas brincando e lembrou de outros meninos e meninas com quem tem contato diariamente: os alunos do 1º ano da escola em que leciona em Franca (SP). Assim, a professora Jaqueline Fernanda de Jesus Gomes Ajeje, de 40 anos, teve a ideia de criar um projeto de intercâmbio cultural por meio de cartas para os estudantes paulistas conhecerem um pouco mais sobre a cultura dos indí­genas sul-mato-grossenses.

“Parecia que eu tinha achado um tesouro porque sempre tive vontade de conhecer indí­genas e nunca pude. Naquele momento foi um presente de Deus! Fiquei horas observando eles brincarem na praça, na água, porque estava chovendo aquele dia”, lembra a professora do dia da idealização do projeto que depois ficou conhecido como: “pequenas mãos, grandes corações”.

Sem ter ideia de quem poderia ajudá-la a concretizar o projeto, Jaqueline percorreu algumas lojas do centro da cidade perguntando onde ficava a aldeia mais próxima. De tanto perguntar e por coincidáncia acabou conhecendo Sueli Cardoso, que trabalhava na aldeia Te’ íikue, onde vivem 6,3 mil indí­genas da etnia Guarani Kaiwoá.

As duas conversaram sobre a possibilidade do intercâmbio cultural por meio de cartas e Jaqueline voltou para Franca esperançosa. “Contei para os meus alunos e os olhinhos deles brilharam. Então nós escrevemos cartas. Uma carta coletiva e vários bilhetinhos das crianças, junto com desenhos e fotos e enviamos para a aldeia”.

A curiosidade das crianças de Franca em relação ao modo de viver dos indí­genas pautou a maioria das cartas. “Queriam saber se os í­ndios andavam sem roupa, se faziam fogueira e sentavam em volta para contar história, do que brincavam, como era a escola e até o time de futebol favorito. Ao todo foram selecionadas 26 crianças da aldeia para responderem í s dúvidas dos alunos paulistas.

Em Caarapó, as cartas foram recebidas com alegria pelas crianças que enviaram ví­deos em agradecimento. Era uma espécie de prévia das correspondáncias que também enviariam meses depois. “Poderia ter usado a internet, mas saber que sua carta foi e esperar resposta não tem preço”, declarou a professora.

As cartas das crianças de Caarapó chegaram em Franca na última semana e foram lidas na Escola Municipal Vanda Thereza de Senne Badaró na última quinta-feira (25). “Foi um sucesso, foi emocionante. As crianças amaram. Nem aguentaram esperar nos lugares para a entrega, levantaram e ficaram ao meu redor esperando a cartinha. Nunca vou esquecer”, finalizou a professora, afirmando que “os alunos aprenderam a valorizar e respeitar a cultura indí­gena”.

Em dezembro, Jaqueline deve retornar a Caarapó e entregar uma última carta das crianças pessoalmente.  

Fonte: Correio do Estado

2018-10-31 09:23:00

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