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Amambai
domingo, 24 de novembro de 2024

Primeiro delegado da cidade conta a história das 6 Cruzes

Clesio Ribeiro

O primeiro agente policial da história de Paranhos, Sr. Abelardo Meza, está hoje com 83 anos e mora numa casa na área central da cidade. Na tarde de quarta-feira (15), ele recebeu a reportagem da Gazeta e contou sobre o principal acontecimento vivido no perí­odo em que atuou.

Conhecido como “As 6 Cruzes”, o fato conta a história de oito guerrilheiros que fugiram do regime ditatorial do Paraguai em 1960 e se embrenharam na mata no território brasileiro e, seis deles, acabaram sendo fuzilados a 8 quilômetros de Paranhos. 

Na época, Abelardo era o agente policial do então distrito de Paranhos e foi chamado para se deslocar até o local e confirmar a chacina. Foi então, que chegando lá, descobriu que dois deles haviam sobrevividos.  â€œCom a ajuda de um amigo levamos os dois e tratamos dos ferimentos e encaminhamos para serem medicados”, conta orgulhoso por ter lhes salvado a vida.

Os fatos

A história está no livro “O Inferno Existe, eu estive nele” (El infierno existe; yo estuve en él), de Romildo Villanueva, que conta a história real de como oito guerrilheiros paraguaios foram emboscados e fuzilados pelo exército do paí­s vizinho, em pleno território brasileiro, no natal de 1960. 

De acordo com matéria publicada pelo ABC Color, Jornal paraguaio, os guerrilheiros eram parte do Movimento Revolucionário 14 de Maio, que lutava contra o regime ditatorial em vigor no Paraguai naquela época. Após o movimento ser desmantelado em território paraguaio, oito de seus membros embrenharam-se na selva do departamento (estado) de Caaguazú rumo í  fronteira com o Brasil, em busca de asilo polí­tico. Por volta de 17 de dezembro de 1960, os guerrilheiros chegaram í  cidade brasileira de Paranhos, no Mato Grosso do Sul, onde pretendiam permanecer algum tempo antes de buscar pelas autoridades que pudessem dar encaminhamento ao seu pedido de asilo polí­tico. Porém, sem que soubessem, militares paraguaios preparavam um plano para frustrar seus esforços. 

O major da Aeronáutica do Paraguai, Epifanio Cardozo, subornou o delegado do municí­pio brasileiro de Amambai, Inocáncio Rodrigues, o “Santinho”, com Cr$ 300 mil.

Diante do suborno, e com a coniváncia de outras autoridades civis brasileiras da cidade de Paranhos, 20 soldados do Exército Paraguaio perpetraram a violação da soberania brasileira, adentrando o território nacional a cavalo, para a macabra caçada que terminaria na morte de seis dos oito guerrilheiros. 

Dias depois, os guerrilheiros foram emboscados e fuzilados. Ao tomarem conhecimento dos rumores sobre o crime, Abelardo Meza, atualmente, com 73 anos, e Miguel Gerónimo Fernández, 90, este último junto com seu enteado, um policial, compareceram ao local do massacre, onde constataram que dois dos guerrilheiros ainda estavam vivos. Eles eram Gilberto Antonio Arce e Remigio Giménez, que sobreviveram para contar a história.

Fotos: Vilson Nascimento e Reprodução

2018-08-21 17:40:29

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