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domingo, 24 de novembro de 2024

Coronel Sapucaia e Paranhos seguem como as mais violentas da fronteira

Coronel Sapucaia e Paranhos, duas das mais pobres cidades de Mato Grosso do Sul, continuam na lista das mais violentas da fronteira do Brasil com o Paraguai, segundo relatório preliminar do Idesf (Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras), divulgado ontem, 14.

Assim como ocorre com outras cidades fronteiriças, Coronel Sapucaia, a 400 km de Campo Grande, e Paranhos, distante 469 km da Capital, estão entre aqueles municí­pios que apresentam a pior estrutura educacional e de saúde e menos oportunidades de emprego formais.

“Há uma correlação direta entre a crescente violáncia nas localidades e o abandono escolar, a falta de qualificação profissional e oportunidades para os jovens”, disse í  Agáncia Brasil o presidente do instituto, Luciano Stremel Barros.

Segundo ele, os í­ndices de homicí­dios relativos a 2016 são “alarmantes” na fronteira entre Foz do Iguaçu (PR) e Porto Murtinho (MS). Em 2016, Foz do Iguaçu teve 99 assassinatos – taxa de mortalidade por violáncia de 37,5 ví­timas por grupo de 100 mil habitantes.

Mas a liderança entre as 32 “cidades-gámeas” avaliadas – que ficam lado a lado na fronteira de paí­ses diferentes, como Ponta Porã, por exemplo – pertence a Paranhos.

A cidade de 12,5 mil habitantes aparece como a mais violenta. Com 15 homicí­dios registrados em 2016, o municí­pio sul-mato-grossense tem a taxa de letalidade mais alta, com 109,7 assassinatos por 100 mil habitantes.

A vice-campeã no ranking da violáncia é Coronel Sapucaia, de 14 mil habitantes e vizinha de Capitán Bado, uma dos principais bases do crime organizado radicado em território paraguaio.

A cidade tem taxa de 67 homicí­dios por grupo, embora a situação tenha melhorado nos últimos anos. Foram 14 assassinatos em 2013 (ou 95,84 homicí­dios por 100 mil habitantes) e 10 ocorráncias em 2016.

Relatório preliminar obtido pela Agáncia Brasil mostra que o número de homicí­dios nas cidades fronteiriças é inferior ao registrado em Queimados (RJ).

Municí­pio mais violento do paí­s, Queimados aparece no mais recente Atlas da Violáncia, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada com taxa de 134,9 homicí­dios e mortes violentas por 100 mil habitantes.

De acordo com a publicação do Ipea, em 2016, Paranhos chegou a uma taxa de 109,7 homicí­dios para cada grupo de 100 mil moradores. Em Coronel Sapucaia ocorreram 73,7 homicí­dios por cada grupo de 100 mil habitantes. No caso de Foz do Iguaçu, os números dos dois institutos coincidem.

“A realidade das fronteiras é esta. Sofremos com isso, e tanto as autoridades estaduais quanto as federais já estão cientes. í‰ um grande desafio para todos”, disse o secretário municipal de Paranhos, Aldinar Ramos Dias. Segundo ele, em geral as ví­timas não moram na cidade. “Assassinato de moradores é algo muito raro”. Reconhece, no entanto, que muitos homicí­dios não são esclarecidos.

O diagnóstico final do Idesf sobre a situação nas cidades fronteiriças deve ser divulgado na próxima semana. Além de um retrato sobre segurança pública, o documento trará conclusões sobre os eixos que o instituto considera fundamentais para o desenvolvimento socioeconômico da faixa de fronteira: educação, saúde, emprego/ renda e finanças.

“Voltamos a alertar que, se não houver uma estratégia polí­tica integrada para a fronteira, o problema tende a se agravar, com reflexos para todo o paí­s”, afirmou Luciano Barros.

Ele chama a atenção para o crescente poder das organizações ;transfronteiriças;, como o contrabando que cruza as fronteiras, ;alimentando a violáncia e ajudando a armar as facções criminosas;.

Guerra de facções – í€ Agáncia Brasil, a assessoria do governo do Mato Grosso do Sul informou que a violáncia em Paranhos, Coronel Sapucaia e Ponta Porã é resultado da disputa entre as facções criminosas brasileira que se instalaram em municí­pios paraguaios próximos. O estado vem reforçando a presença das forças de segurança pública, suprindo o que classifica como “ausáncia das forças federais” na região.

Segundo o governo, o primeiro resultado é a maior apreensão de drogas, que, em 2017, cresceu 42% em comparação ao ano anterior, saltando de 300 toneladas para 427,5 toneladas.

Ao mesmo tempo, o governo sul-mato-grossense garante estar implantado programas sociais para atender a população com acesso aos serviços de educação, saúde e geração de emprego e renda.

Sisfron – Já o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann disse que o governo federal está deslocando cerca de 250 agentes da Força Nacional para reforçar a vigilância das fronteiras, além de ampliar o número de policiais federais na região. Nova ação conjunta com a FAB (Força Aérea Brasileira) deve ser desencadeada nos próximos dias.

“Serão ações conjuntas que incluirão o monitoramento de pequenas aeronaves”, afirmou o ministro, defendendo a liberação de mais recursos para o desenvolvimento do Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras).

 

Fonte: Sapucaia News

2018-08-15 23:31:52

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